O autocuidado está por todas as partes — nas propagandas, nos produtos, nas legendas das influenciadoras. Mas o autocuidado é muito mais do que máscara de carvão ativado (o que também pode ser mara!).
Num episódio recente do podcast Therapy for Black Girls, a psicóloga Joy Harden Bradford definiu autocuidado como “todas as coisas que você precisa fazer mentalmente, fisicamente e espiritualmente para continuar”.
Se você é uma mãe com vida financeira confortável e rede de apoio, o autocuidado pode incluir um copo de vinho no fim do dia, um tapa na autoestima no salão de beleza, uma aula de ioga, um final de semana romântico no campo sem as crianças, ou até uma viagem sozinha — olha o sonho!
Mas, e para quem tá quebrada? Se colocar em primeiro lugar pode ser um gasto extra. O que é ioga pra quem quem tem mais afazeres do que horas no dia? E pra mãe que não tem com quem deixar os filhos, meia hora de sono em silêncio pode ser uma tarefa impossível.
Às vezes, tudo que precisamos para continuar é só admitir que estamos cansadas, pedir ajuda, ligar pra uma amiga, tomar banho e comer bem, ouvir os próprios pensamentos, sonhar um pouco. Então, esse mês, deixamos como proposta que cada uma de nós sejamos o autocuidado de uma amiga — que mãe perto de você ficaria grata que você olhasse os filhos dela por uma horinha pra ela poder fazer o que precisa pra continuar?
Autocuidado: uma autopreservação
A Eva não tinha sequer completado um ano quando a pandemia nos trancou em casa. Eu estava longe da minha mãe, das minhas irmãs e das minhas melhores amigas. Tinha muitos roteiros e reportagens para entregar e ainda mais contas para pagar. Mas sentia que, se mantivesse o foco no trabalho, o tempo passaria mais rápido (e da maneira menos enlouquecedora possível).
Até que tudo começou a degringolar vertiginosamente. Um familiar muito amado descobriu um câncer já avançado e precisava romper o isolamento para fazer quimioterapia. A Eva, um dia, parou de falar. Entre o trabalho e a casa, entre a tristeza e a raiva, entre médicos e livros — buscando respostas para ela e algum alívio pra ele —, fui me abandonando.
Ele morreu depois de quatro meses. O diagnóstico dela se confirmou: autismo. Meu casamento acabou. Meu cabelo caiu, meu corpo engordou. Peguei ainda mais trabalho para pagar a conta de tudo que, além de triste, era muito caro. Mas minha carreira, ainda que exaustiva (porque gira em torno de entender e explicar um governo inexplicável), mantinha meu raciocínio lógico e minha vontade de brigar em dia. Então, eu me afogava ainda mais em trabalho.
Até que, dentro da máquina de tomografia, no atendimento de emergência do hospital do bairro, pensei que se o exame confirmasse que eu tinha tido um pequeno aneurisma (o que explicaria metade do meu rosto paralisado), eu poderia pelo menos ter uma desculpa para descansar por alguns dias. Mas não era aneurisma, era esgotamento emocional.
Anos antes, quando decidi engravidar, já tinha a certeza de que eu precisava ser feliz se quisesse criar uma criança feliz. Fui filha de uma mulher sem tempo pra si mesma, que só podia chorar se o fizesse enquanto limpava a casa. Será que, por isso, eu fui uma criança melancólica? Talvez não haja relação. De qualquer forma, por achar que tinha, eu queria ser uma mãe que não se sacrificasse pela família. Queria ser a mãe possível.
(Outro dia minha amiga Valentina sintetizou bem isso num post sobre o aniversário de um ano da filha dela. Ela escreveu: "Fui mãe depois de várias mulheres que amo e agradeço cada dia por ter aprendido com elas que não é sobre sacrifício, é sobre a construção de uma parceria, em que necessidades e vontades de todo mundo pontuam o mesmo no Enem do neném".)
Se não me abandonar pela maternidade era meu lema, como fui parar dentro de uma máquina de tomografia?
Voltei do hospital determinada a voltar a me cuidar. Não tomei um banho de banheira, nem me matriculei na academia. Não tomei uma taça de vinho, nem agendei uma massagem. Eu liguei pra minha mãe, que estava a muitos quilômetros longe dali, e admiti que não conseguia mais. Precisava de ajuda. E muita ajuda. Eu não precisava só de uma dupla, eu precisava de alguém que cuidasse também da minha metade das responsabilidades de ter uma filha porque eu não conseguia mais.
Não foi nada fácil entregar o apartamento que eu tinha montado detalhe a detalhe, como quem monta um lar eterno, nem vender boa parte dos móveis que garimpei com carinho, e menos ainda deixar a cidade em que escolhi viver para voltar para um quarto na casa da minha mãe distante de tudo. A sensação foi de um fracasso frio e cortante.
Mas, como li num artigo, "it's not just burnout, it's betrayal". Não é só esgotamento, é traição. Como mães, somos traídas por uma sociedade que pede que a mãe seja sempre uma fonte de nutrição sem nunca ser nutrida.
Assim que minha mãe começou a me nutrir de novo, me reconstruí — e rápido. Consegui remontar uma casa, agora minha mesmo. Construí uma rede de apoio. E isso se refletiu no desenvolvimento da minha filha, que deu um salto. Voltei a me sentir saudável, mais calma, muito mais feliz e, aí sim, o vinho, o banho de sais e a máscara de argila ganharam algum sentido.
Dar um passo atrás me preparou para dar muitos mais pra frente — pessoalmente e socialmente. Um desses passos foi construir essa Folga com vocês, pra discutirmos juntas as dores que vivemos no íntimo, mas que são dores coletivas, consequências de uma sociedade que precisa urgentemente tomar outro rumo. Hoje, espero poder ajudar outras mães atípicas, como muitas me ajudaram a chegar até aqui em pé.
Audre Lorde sempre esteve certa: "Cuidar de mim não é auto-indulgência. É autopreservação, e isso é um ato de guerra política".
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A máscara de oxigênio é colocada primeiro na gente
Sabe aquela coisa do "se não eu, quem vai fazer você feliz"?
Então, esse tem sido meu mantra desde que me livrei de um encosto que me sugava a alma e me puxava lá para o fundo do poço.
Entendi na marra que minha felicidade, meu autocuidado, meu bem estar, meus sonhos e minha auto estima deveriam depender somente de mim. Passei anos colocando toda essa expectativa em cima de uma pessoa que mal me fazia sorrir, quanto menos gozar.
Virei uma chave e me comprometi comigo mesma que, assim que minha filha criasse o mínimo de independência possível, eu começaria a me olhar e a me cuidar com mais afeto e amor do que eu merecia e ainda mereço. Nós merecemos!
Comecei devagar, voltando a fazer aquilo que sempre amei, mas não tinha tempo. Uma caminhadinha de vinte minutos, uma série de 30 minutos, um drink com a amiga no almoço, uma leitura que estava guardada, um vôleizinho quando possível, e claro: uns amassos, porque mãe também goza. Cês sabem, né?
Foi fácil virar essa chave? Não mesmo. Já falamos aqui sobre culpa, e a culpa foi o sentimento que mais perdurou dentro de mim após o nascimento da minha primeira filha.
Primeiro eu sentia culpa por ter feito uma escolha muito ruim. Mas eu também me sentia culpada por estar me divertindo e estar longe dela no pouco tempo que conseguia. Estaria mentindo se dissesse que foi moleza dar esse start. Neguei convites, recusei passeios e fiquei anos sem me relacionar com alguém. Tudo porque dentro de mim eu achava que era primeiro ela, depois eu. E tá tudo bem a gente passar por isso, respirar, aprender e entender que precisamos nos cuidar e estar bem para que assim a gente cuide de nossas crias.
Quando me vi no fundo do poço sofrendo por algo e alguém que nunca me teve de verdade, lembro que minha irmã virou pra mim e disse: “vai esperar ficar doente pra reagir? Olha pra você! Reaja! Tua filha depende de você, mas pra além disso sua vida e saúde também dependem de você. Bora!”.
Foi como acordar de um pesadelo. Entendi que a gente precisa se amar o suficiente pra não depender de ninguém e entendermos que nossa felicidade tem que vir primeiro por nós mesmas. A gente precisa se amar. O velho lema: se orgulhar das batalhas, das vitórias, sem esquecer de cada percalço que nos levou até ali.
Claro que é muito bacana ter alguém pra dividir sonhos, amor, afeto, parceria e, acima de tudo, cuidado e cumplicidade. Mas o problema é que quando a gente não se olha com carinho, a gente acaba aceitando qualquer coisa que venha pela frente e pagamos as consequências mais adiante.
Foi assim comigo, mas eu espero que não seja com você.
Você, musa, rainha, dona da zorra toda, merece e deve se cuidar!
Mas você primeiro sempre, depois os outros. Lembrem-se: a máscara de oxigênio é colocada primeiro em você, depois em quem tá do seu lado!
Afinal, quem cuida de quem mais cuida?
Sigamos!
Roteiro infalível de autocuidado
Querida mãe,
Hoje vou ensinar você o passo a passo do auto cuidado.
Ao acordar, raspar a língua 20 vezes com aquele item da ayurveda. Se o filho acordar pedindo peito ou café da manhã, vá raspando e fazendo. Se bem que talvez fique meio anti-higiênico. Tente acordar às 5h da manhã, que tal?
Logo após, fique nua e passe aquela escova corporal em movimentos circulares dos pés à cabeça. Em seguida, se besunte de óleo de gergelim. Sim, eu sei, o óleo tá caro, ia dizer pra você trocar pelo de cozinha, mas acho que não pode (e também está caro). E vai que seu bebê acorda e você pega seu bebê no puro besunte — que lambança esse autocuidado! Deixa pra lá, vamos tentar outra coisa.
Bom dia, querida. Acorde e estenda seu tapetinho de yoga. Faça sua série preferida, coloque uma musiquinha, um incenso… O ideal é fazer por 1 hora. Iiiiii, tá, entendi, alguém se juntou a você nesse tapetinho. Olha, cinco minutos é melhor que nada, né?
Hora de preparar o café da manhã! Antes de tudo, prepare seu shot de limão, cúrcuma, própolis, pimenta do reino, açafrão e gengibre. O ideal é ser tudo in natura, da raiz mesmo, nada industrializado. Rale o açafrão e o gengibre também — dizem que dá disposição e ajuda na imunidade. Dizem que começa a sentir o efeito se tomar todos os dias por 45 dias. Aqui em casa eu faço com tudo em pó mesmo, uma vez a cada 15 dias e sinto que eu e Fernanda Lima somos amigas próximas. É o que dá!
Sabemos que exercício físico é essencial para a saúde mental e também física. Dá disposição, libera endorfina, faz a gente se sentir bem, alivia o estresse. Frequência ideal? Todo dia, mas quatro vezes por semana tá de bom tamanho, segundo médicos e profissionais de saúde. Eu super consigo ir quatro vezes por semana, você não? Vou quatro vezes por semana nos meses de julho e janeiro, quando meu filho está em outra cidade com minhas tias. Nos outros meses eu tento muito duas vezes na semana, mas quando consigo é na base de quase enlouquecer — atraso o trabalho, daí tenho que decorar o texto da peça no carro e ainda assim chego atrasada nas aulas. Às vezes escolho engolir o almoço e ir nesse horário de uma da tarde — super bom pra saúde mental isso de comer correndo e fazer as coisas na pressa, mas meu analista que não me leia!
A noite chegou, querida mãe. Criança no banho, jantar feito, louça do jantar limpa. Vamos tentar aqui um skin care? Uma máscara revitalizante, uma vitamina C, um creme para os olhos?
Depois que o filho dorme, eu preciso escolher entre lavar o cabelo ou assistir algum filme pra não ficar desatualizada pro meu trabalho de atriz! Também tenho a opção de ler um livro — ou pelo menos um capítulo do livro que tô tentando ler há quatro meses. Então minha opção é deitar com o cabelo sujo, colocar um creminho no rosto e desmaiar nas primeiras quatro linhas do livro. Também temos a opção de dormir nos primeiros 10 minutos do filme.
Durma bem viu? Não é hora de ter angústia e ansiedade pensando em tudo que você não fez ao longo do dia!
Mas se você acordar angustiada e com dor no peito mesmo assim, vou te contar a real do meu autocuidado:
Aceito que não dá pra ter o corpo da Sabrina Sato porque, afinal, ela gasta mais de 30 mil reais em estética por mês. Então eu compro o pacote de drenagem da promoção e vou quando dá. E exercício é sobre estar em paz. Realmente um pouquinho de endorfina quando dá tem feito bastante diferença por aqui.
Batom vermelho, sim. Pode ser besteira, mas comigo funciona pra levantar o astral.
Falo que tenho uma reunião urgente e inadiável, deixo o filho com o pai, e vou ao cinema sozinha.
Entro numa loja, passo um perfume bem caro e chique e saio sem comprar nada — acho chique, acho autocuidado.
Assisto Pantanal tomando chá, comentando com as amigas no grupo o quanto eu relaria na novela inteira.
Deixo a criança petiscar antes do jantar porque não quero cozinhar com pressa, quero um vinhozinho e isso talvez resulte num belo macarrão às nove da noite — penso: cheguei viva no fim do dia, me amo, arrasei!
COLUNISTA CONVIDADA
5 minutos para mim mesma
Estou à beira de um ataque de nervos. Entregando as últimas coisas antes de parir e tentando deixar mil pratinhos girando pra quando estiver no puerpério, offline das redes e do mundo. E a regra de que tudo acontece ao mesmo tempo nunca falha. Para além das demandas profissionais, estou passando por períodos de instabilidade na vida pessoal que vão desde regressões da filha mais velha à logísticas familiares. Tem também os hormônios de gravidez, as mudanças no corpo, a dor na lombar, as cãibras noturnas, insônias constantes. Moral da história: caí de cama semana passada com uma gripe que levou dias pra passar. Foi na mesma semana em que lancei um grande projeto profissional, então o "cair de cama" foi só uma força da expressão mesmo, já que nem minha cama eu conseguia curtir direito. Para quem me via de fora eu estava linda, plena e sorridente, mas por dentro a ansiedade que deveria ser normal nessa reta final estava monstruosa. Grávida e com burnout, esse era meu estado no oitavo mês de gestação.
Até que ontem à noite, sozinha em casa, já com a filha dormindo — e enquanto ela não acorda de madrugada com pesadelos e passa pra minha cama e me acorda também —, pego o caderno e começo a rascunhar esse texto. Decidi fazer um chazinho de camomila pra acompanhar o momento, e por que não uma velinha acesa também? Dou uma empacada na escrita, me coloco em posição de meditação e ali fico por cinco minutos. Enquanto tento não pensar em nada, penso: por que raios não estou me dando esses minutinhos todo santo dia? A alma vai ficando tranquila, o corpo vai amolecendo, o sono chegando e me dou conta de que, sem perceber, fiz vários rituais de autocuidado que estão tão facilmente ao meu alcance e me fizeram sentir melhor.
Muitas vezes o sistema coloca o autocuidado em um lugar inatingível ou inacessível para grande parte da população. Acredito que o capitalismo, para além de beneficiar poucos, nos rouba o que temos de mais precioso: o nosso tempo. E isso nos leva justamente a comprar coisas ou contratar serviços que não precisamos. E o autocuidado é mais uma pauta que o capitalismo converteu para si, como se esse gesto significasse terapia, acupuntura, pilates, drenagem, yoga gestante, máscaras faciais com cremes caríssimos e, principalmente, muito tempo livre.
Autocuidado é sobre cuidar da gente e nos sentir amada, e na maioria das vezes ele está logo ali, em uma esfoliação corporal com ingredientes caseiros (oi, açúcar e mel), um óleo de lavanda no travesseiro pra dormir melhor, uma comida gostosa, a horta caseira, na leitura de um bom livro, na pausa pra assistir ao pôr-do-sol, esse acontecimento diário e gratuito que nos passa despercebido a maior parte da vida.
Praticar o autocuidado exige dedicação e tempo para nos autoconhecer e, principalmente, nos preservar. A vida já exige tanto, a maternidade então nem se fala. Me propus então a fazer esse exercício e lembrar de tirar pelo menos cinco minutos todos os dias para cuidar de mim. E provavelmente vou esquecer desse combinado quando minha próxima filha nascer, mas que eu me lembre dele a cada vez que me sentir distante de mim.
Cartas da Paula
Olá, como vocês vão? Sou a Paula e tenho uma filha linda de 5 anos.
Estava lendo a newsletter sobre culpa (sem me sentir culpada por encontrar minutos para mim) e fiquei com vontade de contar um relato para vocês, para lembrarmos que nós não somos as loucas e que não é coisa da nossa cabeça.
Em teoria, não sou uma mãe solo, sou casada há tempos e meu companheiro tem presença importante na vida da minha filha. Por isso acho que é tão difícil falar sobre a real divisão de tarefas com a criança.
Ao olhar os casais amigos, vemos que os pais não fazem nada, nada mesmo, zero. A mãe é responsável por tudo: roupas, comida, olhar a criança nos encontros. Tipo, é para isso que ela está viva.
No meu caso, ele faz coisas: busca da escola, leva para a aula de música 2x por semana, brinca e corre com ela, faz café da manhã para a gente. Daí, quando falo que ele não faz nada (me referindo ao fato de que essas coisas não correspondem a 1/10 do que é necessário fazer e pensar para que ela tenha a rotina de hoje), a resposta automática é: como não?! Faço muito mais do que os meus amigos!
A minha resposta também é sempre a mesma: não é porque você está acima da média que está bom...
Não vejo a hora de subir essa média! Chega de pais medíocres! Pronto, falei!
beijos da Paula
RESPOSTA DA FOLGA:
Paula Paula de Deus, se você soubesse o quanto te entendo, e mais: o quanto sinto raiva por essa injustiça que acontece comigo e vejo acontecer com praticamente quase todas mães que conheço. Uma de nós aqui, quando engravidou, decidiu ter o filho, mas achando que tinha outra pessoa também decidindo o mesmo. Puro engano. Com o tempo percebemos que isso é generalizado. A mãe se sente só quando é solo, separada, casada. A história se repete: uma mulher sobrecarregada até o talo, até o bournout. É uma batalha conseguir fazer um homem entender a real divisão de tarefas e também salvar o casamento. É muito frustrante ver casais que se admiram e admiramos se separarem porque chegou um bebê na família. O roteiro é o mesmo: busca umas vezes na escola e alterna os finais de semana e já acha que fez muito. Reunião com professores? Vai uma vez na vida porque sabe que a mãe sempre resolve. Tem uns que nunca se preocuparam em comprar uma meia. Nós, mães? Lemos 39 dissertações sobre educação não violenta, nos revisitamos, sentimos uma culpa danada ao perder a paciência enquanto nos dias com o pai a criança leva bronca por qualquer coisa, vai pro castigo sem conversa, e volta cheio de traumas. É como a Hel diz: deve ser bom demais ser pai.
Mas, Paula, sabe que você nos deu uma ideia? E se a gente chamar uns pais-médios pra escreverem aqui? Vamos chamá-los de Rogério. Porque também vemos muitos amigos legais se queixando da eterna cobrança. O que será que falta pra essa conversa ser efetiva pra ambos os lados? Por que parece que eles nunca entendem que ainda falta muito? A gente fica pedindo que o outro contribua com seus 50% de responsabilidade pela criança, mas na verdade cada um precisa dar 100%. E aí está o erro. A gente dá 100%, e o outro, quando muito, seus 50%.
Rogérios, queremos ouvir de vocês: o que caralho acontece aí do outro lado?
Classificados da Mãe
A @peculiacuradoria tem uma proposta de ser mais acessível do que antiquários tradicionais.
A @mar.qita, da Amanda Gareis, mãe da Olga: "Confecção consciente, feita pra ser confortável"
@escrevaumacartadeamor, uma papelaria artesanal que coloca suas fotos dentro de caixas decoradas.
@thaischimentileao, "mãe de 3 meninas que me inspiram, fazedora de lanches, uber de filha, organizadora de caos", faz ilustrações nas brechas da vida.
Talvez você não tenha tempo, mas fica aí a dica
CAROL — The Landscapers, na HBO. É um true-crime em quatro episódios com uma narrativa simples: um casal inglês matou os pais dela e os enterrou no quintal. Mas a história é contada de uma forma nada simples — romance de época em preto e branco, faroeste, documentário, teatro —, todos os gêneros são explorados pra dar conta de explicar o mundo que o casal criou para si. Aqui a relação mãe-filha passa longe de ser feliz, mas nem por isso é menos interessante. Ah, e a cereja do bolo: a protagonista é a gênia Olivia Colman.
HEL - Venho com duas dicas, pode produção?
A primeira é o livro Escute as feras, com o nome original de Croire aux Fauves, escrito por Nastaja Martin. Tô encantada com esse livro, um romance que traz uma reflexão sobre o humano, as fronteiras, a natureza e o nosso eu selvagem.
E a segunda dica é o filme A Felicidade das Coisas, em cartaz no cinema, dirigido e roteirizado por Thais Fujinaga. Já tenho certeza que é um destaque de filme nacional do ano, prefiro não trazer spoilers, mas aquela breve sinopse: o filme retrata uma família matriarcal (o pai não aparece em cena) de classe média indo passar o veraneio em Caraguatatuba, cidade litorânea paulista. Atuações incríveis e um roteiro de fazer a gente pensar na vida. Amei.
ANI - Minha dica de hoje vai para o livro A árvore generosa, da Companhia das Letrinhas. Li esse livro com a Mariah, minha filha mais velha. Ele conta a história de uma árvore. E também de um menino, que aprende uma lição muito importante para toda a vida. Dá para abordar vários temas com nossas crias a partir dele. Mariah já me pediu pra ler, apenas essa semana, três vezes. Se você está tentando criar novos hábitos de leitura em casa com as crianças ou pretende iniciar uma conversa, esse pode ser um ótimo ponto de início.
Sentimento de pertencimento a cada leitura ❤️!! Obrigada por essa rede de apoio!!
Tenho pensado tanto nessas coisas... tanta mulher maravilhosa perto de mim se esvaindo, quebrando mesmo... até quando aguentaremos? Escrevi sobre isso aqui ó:
https://ensaiosdaju.substack.com/p/a-perfeicao-e-a-solidao
Essa newsletter tem feito parte do esforço de autocuidado que tenho feito. Sei que há um longo caminho, mas já me sinto em boa companhia!